
Como funcionam os partidos políticos no Brasil?
Aula inaugural do curso da Oficina Municipal aborda história, organização e crise de representação dos partidos políticos brasileiros.
Na noite de 14 de abril, a Oficina Municipal em parceria com a Fundação Konrad Adenauer (KAS-Brasil), deu início a mais um módulo do programa Cidadania e Política com o curso gratuito “Partidos Políticos”. A aula inaugural, conduzida pelo professor Bruno Silva, doutorando em Ciências Sociais pela UNESP, reuniu participantes de diferentes regiões do país para refletir sobre a importância dos partidos no sistema democrático. O encontro virtual ofereceu um panorama aprofundado sobre o papel histórico e atual das siglas brasileiras, com análise das mudanças no sistema partidário, suas contradições e desafios contemporâneos.
Ao longo da aula, Bruno destacou que “não existe democracia estável sem partidos políticos”. Apesar das críticas recorrentes, essas organizações são essenciais para estruturar a competição eleitoral, mediar interesses e articular agendas no Legislativo. Como destacou o professor Bruno Silva, “os partidos funcionam como atalhos institucionais que permitem a coordenação das decisões políticas, especialmente no Legislativo, contribuindo para a estabilidade democrática”. A partir dessa premissa, a exposição percorreu os diferentes sentidos atribuídos aos partidos no imaginário coletivo — ora vistos como instituições ideológicas, ora como máquinas eleitorais ou aglomerados desorganizados.
O professor explicou que o sistema partidário brasileiro passou por períodos distintos desde a redemocratização. Houve uma fase de estabilização entre 1994 e 2014, marcada pelo protagonismo de PT e PSDB. No entanto, a partir da operação Lava Jato, esse equilíbrio foi rompido, abrindo espaço para novas lideranças, maior fragmentação partidária e um Legislativo mais empoderado.
Bruno também abordou os diferentes modos de analisar os partidos. Ele destacou aspectos como a atuação eleitoral, o comportamento parlamentar e a estrutura interna das siglas. Ressaltou o peso das comissões provisórias, que concentram poder em poucas lideranças e dificultam a participação interna nas decisões partidárias. Outro ponto importante foi o financiamento das siglas, que desde 2015 depende exclusivamente de recursos públicos, como o Fundo Partidário e o Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
A aula também apresentou um balanço sobre o presidencialismo de coalizão, destacando como as alianças entre Executivo e Legislativo, antes vistas como solução para a governabilidade, têm enfrentado crescentes dificuldades — sobretudo após o fortalecimento orçamentário do Congresso e a perda de instrumentos de barganha do Executivo.
O curso integra o programa Cidadania e Política, uma iniciativa da Oficina Municipal em parceria com a Fundação Konrad Adenauer (KAS-Brasil), voltada à formação cidadã e ao fortalecimento do Estado Democrático de Direito.